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29/12/2011

reflexos - 22



tempo de

sentado no banco
da memória
recordo

o brilho nos olhos
as caravelas velas pandas
das navegações sem retorno imaginado
o aroma das anémonas
sem terra à vista

a música a desprender-se
das coisas

sem pauta nem maestro nem instrumentos
a música de dentro
em clave de sol e sonho

braços por dentro de braços
e mais braços ainda
abraços tantos a abraçar

recordo

(ria de aveiro; canal de ovar; torreira; marina dos pescadores)

(António José Cravo)

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All Animals by Raphael Macek (13)







Raphael Macek Photography

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28/12/2011

_apipucos_


                                                                            Açude de Apipucos, Recife/PE

Madredeus - Amor Infinito


All Animals by Raphael Macek (12)


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aleksandr_s_pushkin


Ficheiro:AleksandrPushkin.jpg
ЦВЕТОК 
Цветок засохший, безуханный,/Забытый в книге вижу я;/И вот уже мечтою странной/Душа наполнилась моя: Где цвёл? когда? какой весною?/И долго ль цвёл? И сорван кем,/Чужой, знакомой ли рукою?/И положен сюда зачем? На память нежного ль свиданья,/Или разлуки роковой,/Иль одинокого гулянья/В тиши полей, в тени лесной? И жив ли тот, и та жива ли?/И ны нче где их уголок?/Или уже они увяли,/Как сей неведомый цветок?
1828

Ficheiro:Pushkin Signature.svg


A FLOR
Vejo uma flor seca, sem ar
Cá esquecida em um caderno,
E meu espírito prosterno
Num esquisito meditar:
Floriu quando? Onde? Em que estaçāo?
E postergou-se? E é estranha
Ou amiga a mão que a apanha?
E a pôs aqui por que razāo?
Pra recordar um encontro amável
Ou uma separaçāo funesta,
Ou um passeio solitário
Num sítio, à sombra da floresta?
E ele está vivo, ela também?
E a que refúgio se retêm?
Ou eles ambos já mirraram
Como esta flor que aqui deixaram?

(Aleksandr Sergeivitch Pushkin)

Tradução pelo blog traducaoliteraria.wordpress.com

Mirante dos Golfinhos, Tabatinga/RN - Brasil







   

27/12/2011

klaus_mann


                                                   
Sem sombra de dúvida, as horas passadas no escritório de meu pai estimulavam não somente nossa imaginação, como também nossa curiosidade. Uma vez provado o encanto sedutor da grande literatura e o reconforto que ela nos oferece, gostaríamos de conhecer sempre mais — Outras histórias ridículas e parábolas cheias de sabedoria, contos de múltiplas significações e estranhas aventuras. E é assim que se começa a ler por si mesmo...
(The Turning Point, 1942.)

Klaus Mann (1906-1949)

kafka_



Ficheiro:Kafka1906.jpg
Não se fará nunca um menino entender que a noite fica bem no meio de uma história cativante, não se fará jamais que ele entenda por uma demonstração só para ele mesmo, que é preciso interromper sua leitura e ir se deitar.

                                              Ficheiro:Franz Kafka's signature.gif

26/12/2011

Santa Cruz, Rio Grande do Norte - Brasil


Santa Rita de Cássia - Santa Cruz/RN

olh'ó passarinho_


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(Publicada na Revista dp Arte Fotográfica)

_momento_



o momento
o exacto instante em que o sol
se deita sobre as ondas

jamais o fim

o mar permanece e aconchega
as ondas abraçam o sol e deitam-se

cansado do seu percurso
diurno
a tudo isto assiste
de braços abertos
silenciosamente cúmplice o barco

o sol encontra nas ondas
o regaço para tanto andar

assim eu
voltarei ao mar

(António José Cravo)

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All Animals by Raphael Macek (11)





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_saltadoiro_4


ti manel viola - Torreira, Aveiro, Portugal

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25/12/2011

Christmas_gift_by_Raphael_Macek


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All Animals by Raphael Macek (10)





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_mondego_


mondego
onde as mágoas
que dizem
teres levado?

(António José Cravo)

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14/12/2011

maria_borras


maria borras

olhos semicerrados
procuro longe
barco
homens
redes

sonho

este é um tempo
de espera
em que no regaço morno da areia
corpos se entregam ao sol
para se encherem de mar

breves momentos
de palavras feitos

não mais que o tempo
de o barco regressar
 
(António José Cravo)

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All Animals by Raphael Macek (9)




 
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A Cidade de Maurício de Nassau



Eu continuo um homem de armas.
E um humanista. E essa combinação é difícil em qualquer século. E porque conquistei mas não fui cego no exercício do poder, porque das armas e da repressão não fiz a minha última paixão, dizem agora que errei. A mesma Companhia que me trouxe, me leva.

Maurício de Nassau — quando da demissão da Companhia das Índias Ocidentais, 1644.

Prosopopéia - Bento Teixeira


Prosopopéia

I
Para a parte do Sul onde a pequena
Ursa se vê de guardas rodeada,
Onde o céo luminoso mais serena
Tem sua influição, temperada.
Junto a Nova Lusitania ordena
A natureza, mãi bem atentada,
Um porto tão quieto e tão seguro,
Que para as curvas náos serve de muro.

II
E´ este porto tal, por estar posta
Uma cinta de pedra inculta e viva,
Ao longo da soberba e larga costa,
Onde quebra Neptuno a fúria esquiva.
Entre a praia e a pedra descomposta,
O estanhado elemento se deriva
Com tanta mansidão, que uma fateixa
Basta ter a fatal Argos aneixa.

Descripção do Recife de Pernambuco (1601)
Bento Teixeira.





13/12/2011

All Animals by Raphael Macek (8)





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12/12/2011

_escrever_


escrever-me
dói
não escrever
dói mais

(aqui sorrio)

(António José Cravo)

Jaffa by Moishi Cohen - א



25 October 2010 - Jaffa, Israel

Barra do Cunhaú - Rio Grande do Norte, Brasil


Junção do Rio Curimataú com o Oceano Atlântico
Foto de Antônio José Maranhão Vale

cunhauacaico.blogspot.com

_saltadoiro_3


alfredo - andar à vara à proa a "ler a ria"

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All Animals by Raphael Macek (7)





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11/12/2011

_serei_


o caminho é a aventura
não sou
tudo o que quero
mas
quero ser
tudo o que sou
recuso-me a não ser
o que em mim é do que fui

serei sempre o ter sido
isso é ser

os dias caem sobre os dias
a bateira voga silenciosa
como se
algo mais que ela própria
madeira trabalhada por mãos sábias
que outras mãos
sábias também de outra arte
continuam

olho em frente
procuro um caminho por fazer
persigo a aventura

 (António José Cravo)

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10/12/2011

reflexos - 19


quando a luz nasce na água

vai pela beira da ria
caminha sem pressas de cidade
o tempo parou por momentos
para seres e estares

escuta as cores
sente como a música se desprende delas
e se faz em ti
a sinfonia que nunca sonhaste poder ser

não interrogues a ria
deixa que ela te fale e te encontre
ali onde os olhos mergulham
na superfície das coisas
para lhes encontrar a raiz

és
o encontro de ti
contigo
aqui onde as cores
são música
e a água é luz

(marina dos pescadores; torreira)

(António José Cravo)

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09/12/2011

Habonim Beach (3) חוף הבונים


(Photo by Moishi Cohen)

All Animals by Raphael Macek (5)




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coimbra_praça_do_comércio


as memórias da minha coimbra
têm muitos silêncios
dentro deles palavras perdidas
sonhos por sonhar

as memórias da minha coimbra
têm gente que já não
músicas espalhadas pela calçada
onde de negro alguns vão
pisando as pedras
que choram
por eles não

as memórias da minha coimbra
sou eu nelas
e o serem ainda
elas em mim

(coimbra - praça do comércio)

(António José Cravo)

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08/12/2011

blue_cave_Habonim_beach


Blue cave - 3 june 2011
(Photo by Moishi Cohen)

_saltadoiro_2


a caminho

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_amanhã_


(..)


é este o meu infantário 

sou só olhos 
pernas não sei 
palavras não tenho 

sou só olhos 
à minha frente o mar 
o meu pai no barco 
o barco no mar 
a minha mãe nas redes 
as redes em terra 
todos no peixe 

tudo isto vejo 
em tudo me perco e não entendo 

amanhã 
ali estarei sem o saber agora 

começo a aprender 
que ser criança aqui 
é espuma 
que o mar deixa na areia 
e secará com o sol e o sal 

é este o meu infantário ... 

(torreira)

(António José Cravo)

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